Revista escancara a podridão na CBF e não por acaso seleção tomou 4 da Argentina

10/04/2025Mais Esportes

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues (à direita) com Francisco Schertel Mendes, filho do ministro do STF Gilmar Mendes. (Jornal Brasília).

Em reportagem corajosa o jornalista Allan de Abreu, da Revista Piauí conta a imundice na CBF - Confederação Brasileira de Futebol. 

Na Copa do Mundo do Catar, em 2022, enquanto a Seleção Brasileira afundava, grupo de 49 brasileiros fazia a festa, usufruindo de mordomias. 

Nenhum deles tinha relação com a CBF, mas se hospedaram em hotel cinco estrelas pago pela entidade. 

Alguns voaram para Doha, no Catar, de primeira classe e pelo menos um deles ganhou cartão corporativo para gastar livremente até 500 dólares por dia ou 2 mil 500 reais, tudo às custas da CBF. 

Toda a família

O presidente da CBF, o baiano Ednal­do Rodrigues, 71 anos, colocou ainda na conta da entidade durante a Copa do Catar as despesas de sua mulher, da filha, da cunhada, do gen­ro e dos dois netos. 

Todos voaram de primeira classe e se hospedaram no Marriot Marquis City. 

Politicagem

Rodrigues também não se esqueceu dos amigos da política, do Judiciário, da imprensa e das artes. 

A CBF pagou hospedagem, vôo em classe executiva, e ingressos para congressistas, como o deputado federal José Alves Rocha (União Brasil-BA), que viajou com a mulher, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi acompanhado da namorada. 

Salário de 1 milhão

Rodrigues assumiu o cargo de presidente da CBF prometendo “expurgar toda e qualquer imoralidade” da Confederação. 

Mas não é bem isso que está acontecendo. Embora ganhe cerca de 1 milhão de reais por mês, morou por nove meses no hotel Grand Hyatt, na Barra da Tijuca, ao assumir a CBF na condição de interi­no, em agosto de 2021. Tudo às custas da CBF. 

Mordomia em hotel

Quando virou titular, mudou-se para um condo­mínio no mesmo bairro, mas passava temporadas com a família no hotel, também com despesas pagas pela entidade. 

Há outros exemplos do uso pessoal do di­nheiro da CBF e também do que foi aplicado em grandes e pequenos favores. 

Vergonha Nacional

Os presidentes das Federações Estaduais, em vez de fiscalizar, também aproveitam a generosidade de Rodrigues. 

Até 2021, ca­da presidente de Federação ganhava 50 mil reais por mês. 

Quando assumiu a CBF, Rodrigues deu belos reajustes nos contracheques da “cartolagem”, tanto que, hoje, cada presidente de Federação ganha 215 mil reais por mês, com direito a décimo sexto salário. 

Mais de 1 bilhão

Em 2023, último ano de balanço disponível, a receita líquida da CBF passou de 1 bilhão de reais. E vai aumentar substancialmente em 2027, quando entrará em vigor o novo contrato de patrocínio da Nike, de 100 milhões de dólares ou mais de 600 milhões de reais, fixos por ano. 

Outra grande fonte de renda da CBF vem dos direitos de transmissão dos jogos. 

Sem fiscalização

Sem vigilância constante dos órgãos públi­cos nem de investidores privados, e com uma montanha de dinheiro em caixa, a CBF tem sido um alvo cobiçado por interessados e interesseiros. 

Rodrigues é formado em ciências contábeis. Mas uma ex-funcio­nária conta que se deparou com uma baderna administrativa quando foi trabalhar na CBF. 

Protestos

“Contratos espa­lhados pelas gavetas de várias diretorias e ordens de pagamento sem registros formais. Fiquei com a impressão de que a desorganização era proposital”, cita. 

Outro dado da desordem: apesar da receita bilionária, a CBF responde a 43 protestos em cartório por dívidas, que somam mais de 2 milhões 600 mil reais.  

Arbitragem

Apesar de bilionária, a CBF cortou verba para treinamento da arbitragem ano passado. O treinamento dos árbitros vem sendo feito apenas por videoconferên­cia. 

“É como se um clube contratasse um técnico europeu que ficasse treinando os jogadores lá da Europa. Não tem cabi­mento”, diz um árbitro. 

O re­sultado foi catastrófico. No campeonato Brasileiro de 2024, 110 árbitros foram afastados por falhas técnicas. No ano anterior, foram 40. 

Parceria perfeita

Enquanto isso, ganharam postos na CBF pelo menos seis nomes vinculados ou indicados pelo IDP - Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvol­vimento e Pesquisa, com o qual a CBF mantém relação direta desde agosto de 2023. 

O diretor-geral do IDP é Francisco Schertel Mendes, filho do ministro do STF Gilmar Mendes, fundador e sócio do instituto. 

É uma parceria que vai de vento em popa. Segundo a matéria da Revista Piauí. 

Milhões a advogado

Em 7 de de­zembro de 2023, o TJRJ - Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro havia destituído Rodrigues do cargo de presidente da CBF por considerar que sua eleição havia sido irregular. 

Mais uma vez, o dirigente tomou provi­dências: recorreu aos Tribunais Superio­res em Brasília e pagou 6,5 milhões de reais dos cofres da CBF para seu braço direito, o advogado Pedro Trengrouse, embora esse não constasse mais como advogado da entidade.  

Gilmar Mendes

Duas semanas depois de receber a bolada, Trengrouse desembar­cou em Brasília para ajudar Rodrigues a voltar para o cargo, agora valendo-se de uma nova ação interposta no Supremo por iniciativa do PCdoB, partido do secre­tário-geral da CBF, Alcino Reis Rocha. 

O julgamento do recurso do PCdoB caiu nas mãos do ministro Gil­mar Mendes. Foi uma dádiva. 

Redação Futebol Bauru

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11/04/2025

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