"Pega essa, Ciasca". Disse Pelé em Curuçá

23/10/2010Mais Esportes

João Bidu, na Rua Ponta Porã, na Vila Dutra lembra da cena acontecida havia 55 anos

Em 1975 o jornalista Erlinton Goulart entrevistou, com exclusividade, Pelé, em Bauru

O time do São Paulinho, da Vila Dutra/Curuçá, em março de 1954. Da esquerda para a direita: Dr. Carranca, Ariel, Rochinha, Pico, Zulo, Cirilinho e Badu. Abaixo: Zézinho, Bressan, Pelé, Flávio, Cirilo e Amilcar.

O hoje renomado e respeitado empresário João Bidu, editor da Editora Alto Astral, uma das maiores do Brasil com mais de oito milhões de exemplares/mês, que nasceu João Carlos de Almeida tem história vivenciada com Pelé, na década de 1950, na bucólica Curuçá, conhecida por Vila Dutra, na região Oeste de Bauru.

 

Filho de Cirilo, campeão pelo Noroeste em 1943 e irmão de Roberto, que também defendeu o Noroeste, na década de 1970, João Carlos de Almeida, famoso narrador esportivo da Jovem Auri Verde e atual vice-presidente do Noroeste, conta com singeleza o dia em que brincou de bola, com Pelé, em rua de grama, de Curuçá.

 

Minha lembrança de Pelé

“Pra todo mundo eu falo que o Pelé era reserva do meu pai Cirilo, no time do São Paulinho de Curuçá. Mas essa história não está bem contada.

 

Pelé, acho que com os seus 14 anos, jogava de manhã em um time de Bauru. Pegava a coreinha da hora do almoço e ia para Curuçá, onde moravam seus padrinhos, Seu Lavico e Dona Emirene, jogar no São Paulinho. Como já estava cansado, só entrava no segundo tempo, no lugar do meu pai, que também já não aguentava 90 minutos.

 

Lembro que Pelé não dormia na Vila, sempre voltava à noite para Bauru. É, naquele tempo a gente separava Curuçá de Bauru, pela distância e porque só tínhamos a Coreinha, trem de dois vagões de passageiros da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil”, recorda João Bidu.

 

Naquela vez, porém, Pelé dormiu

“Dia seguinte, entre 10 e 10h30, estava eu brincando de bola com algum garoto na rua. Gol feito com dois tijolos e eu no gol, claro. Primeiro por causa da minha deficiência física.

 

Segundo que naqueles tempos eu era fissurado num goleiro da Ponte Preta chamado Ciasca. Nem precisa falar que o meu apelido para a turma de Curuçá daquele tempo, inclusive para o Rei, era Ciasca.

 

Quando o garoto, meu amigo, ia partir para bater o pênalti para eu tentar defender, quem aparece?

 

Ele, o próprio. Pelé. Pediu licença ao garoto e falou:

“Pega essa, Ciasca!”

 

Se peguei? Não me lembro, mas lembro que ele bateu muito mais para eu defender do que para marcar o gol.

 

Fora aqueles tempos de convivência com Pelé em Curuçá, tenho mais duas coisas em comum com ele: estudei com Lúcia, sua irmã, no Colégio Guedes de Azevedo e somos do mesmo signo: Escorpião”, conta com a simplicidade, marcante de sempre, João Bidu.

 

Erlinton Goulart, especial para o Futebol Bauru

www.futebolbauru.com.br

22/10/2010.

Veja Também