Ex-Vice do Noroeste desabafa: “Dinheiro foi desviado"

O então vice-presidente João Paulo Garcia ao lado do pai Paulo Garcia, patrocinador master, e do irmão Paulo Henrique, do marketing da Kalunga. (Futebol Bauru)

A desgraça não manda recado e vem sempre a cavalo. Os quase 10 anos de administração do megaempresário Damião Garcia, 84 anos, no EC Noroeste acabaram definitivamente.

 

E diferentemente de outras vezes, agora não tem volta, porque a questão deixou de ser apenas financeira.

 

O maior, e principal, motivo da renúncia do presidente Damião Garcia, é a sua saúde, “muito crítica, infelizmente” disse ao www.futebolbauru.com.br o neto João Paulo Menezes Garcia, 32 anos, diretor financeiro da Kalunga.

 

João Paulo esteve em Bauru, terça-feira à noite, apresentando também a sua carta de desligamento do cargo de vice-presidente, a menos de 10 conselheiros presentes.

 

O CD - Conselho Deliberativo do Noroeste, presidido pelo empresário Antônio Carlos Gimenez, tem 20 titulares e 10 suplentes.

 

Toninho comanda

Cabe a partir de agora ao presidente do CD, Toninho Gimenez, gerir os destinos do Noroeste, até a eleição e posse da nova Diretoria executiva.

 

Em desabafo sensato João Paulo lembrou o atual estado e estágio do clube.

 

“Quando o meu avô pegou há quase 10 anos, o clube estava abandonado, quase desfiliado da FPF, com salários atrasados e devendo a fornecedores”, recorda.

 

Ascensão meteórica

Tão logo Damião Garcia assumiu com o clube rebaixado à Série A-3, “meu avô quitou mais de 90 ações trabalhistas”. O time subiu em 2004.

 

Em 2005 conquistou a Copa FPF, atual Copa Paulista, e sagrou-se vice-campeão da Série A-2.

 

Em 2006 conquistou o inédito quarto lugar no Paulistão, além de participar pela primeira vez da Copa do Brasil.

 

Existiria?

“Será que se meu avô não tivesse assumido o Noroeste, que era paixão extremada dele, o clube existiria até hoje? E em qual condição?”, indaga.

 

A paixão do megaempresário Damião Garcia, pelo Noroeste, ao longo dos anos, foi sendo contaminada pela desilusão.

 

Três vezes na Justiça

“O meu avô se cercou lamentável, e infelizmente, de pessoas que não deveria”, conta João Paulo, sem citar nomes.

 

E observa João Paulo. “Como pode uma empresa, porque deixamos o Noroeste como empresa, contratar por três vezes um mesmo funcionário que vai à Justiça do Trabalho? É de doer”, lamenta.

 

Dinheiro desviado

Feliz com a segunda vitória seguida do Noroeste, quarta-feira sobre o Paulista, e na liderança da Copa Paulista, João Paulo não esconde indignação por terem usado o seu avô Damião Garcia.

 

“Meu avô mandava dinheiro para que fossem pagos os encargos, os impostos, os tributos. Depois o meu avô recebeu uma notificação de penhora de seus bens, porque o dinheiro jamais foi usado para a finalidade”, afirma.

 

Ainda segundo o diretor financeiro da Kalunga, “O dinheiro extraviou-se do objetivo, tanto que o meu avô teve de fazer novo acordo, um Refis (Programa de Recuperação Fiscal) para quitar os impostos, que estão sendo pagos”, declara.

 

“Não queremos de volta”

Damião Garcia, segundo consta nos balancetes publicados no site do Noroeste, “colocou no clube R$ 12 milhões de reais nestes últimos nove anos”.

 

A Kalunga, conta João Paulo Garcia, pôs R$ 1 milhão de reais o ano passado, e em 2012 já colocou mais R$ 6 milhões”, sustenta.

 

De acordo com João Paulo “Não queremos e nem vamos penhorar o Estádio “Alfredo de Castilho”, que, aliás, em dias, estará sendo passado, através de escritura, definitivamente ao EC Noroeste. Também não queremos o dinheiro investido de volta”, garante.

 

Ataques injustos

Os ataques gratuitos, de pessoas sem discernimento. Comentários desairosos. Ofensas passionais, mas, sobretudo a falta de reconhecimento aborreceu e entristeceu a Família Garcia.

 

João Paulo lança então desafio. “Se acham que nós (Família Garcia) fizemos pouco. Que se candidatem e façam melhor”, completou.

 

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Erlinton Goulart, especial para o Futebol Bauru

www.futebolbauru.com.br

27/09/2012.