A dura rotina de Marin em prisão nos Estados Unidos

04/02/2019Mais Esportes

Acostumado com o conforto do seu apartamento de 600 metros quadrados nos Jardins, zona nobre de São Paulo, e com hotéis luxuosos, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, 86 anos, tem convivido com realidade bem diferente na penitenciária federal de Allenwood, nos Estados Unidos.

Transferido em outubro da Metropolitan Detention Center, cadeia no Brooklyn, em Nova York, onde passou dez meses, para o presídio de segurança baixa localizado em uma cidadezinha no interior do Estado da Pensilvânia, o ex-dirigente e ex-governador de São Paulo passou a ter acesso a serviços como biblioteca e programas educativos, mas continua submetido a rígida rotina imposta pelos agentes do sistema prisional norte-americano.

O Estado conversou com pessoas próximas a Marin e teve acesso a documentos que detalham não só como o brasileiro tem passado os últimos quatro meses, mas a lista de deveres e obrigações que tem de cumprir dentro da cadeia.

Propina

Condenado a quatro anos de prisão pelos crimes de organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro cometidos no período em que presidiu a CBF, de 2012 a 2015, Marin teria recebido U$ 6,5 milhões ou R$ 23 milhões 7 mil reais de propina para assinar contratos de direitos comerciais da Libertadores, Copa do Brasil e Copa América.

Em Allenwood, Marin acorda às 5 horas da manhã, quando os agentes penitenciários passam nas celas para fazer a contagem dos presos.

Quieto na cela

A partir das 6 horas, o café da manhã, igual para todos, começa a ser servido. Quem não acordar no horário ou não deixar a cela “de forma organizada” está sujeito a medidas disciplinares.

A cama tem de estar arrumada com lençol, cobertor e travesseiro até 7h30, no máximo. Às 10h, o ex-presidente da CBF tem de ficar “quieto” e em pé dentro da tranca, para uma nova contagem dos presos.

Às 10h45, Marin vai para o almoço. Às 16 horas, mais uma vez o ex-presidente da CBF tem de estar em pé na cela para outra conferência. Na sequência, logo vem o jantar.

Seu dia começa cedo e acaba cedo. Dentro do refeitório, as regras são rígidas. As mesas não podem ser reservadas, por exemplo, colocando casacos ou roupas nas cadeiras. A acomodação é por ordem de chegada.

Bandejão

Na fila do bandejão, o preso não pode se servir em nenhuma hipótese e tem de esperar que os funcionários do presídio coloquem a comida no seu prato.

Depois de sair do refeitório, o detento não poderá entrar novamente no espaço “por qualquer motivo”. Também é proibido retirar frutas ou qualquer iguaria do restaurante.

Marin é obrigado a usar o tempo todo um cartão fixado a um cordão em volta do pescoço com seus dados de identificação. Só pode tirar o crachá quando entrar na cela. O seu número de inscrição no sistema prisional norte-americano é 86356-053.

Inverno rigoroso

Outra obrigação é o uso de uniforme com importante observação: a camisa deve ficar dentro da calça, exceto quando Marin estiver no ginásio ou no pátio.

Mas, por causa do inverno rigoroso que tem castigado Allenwood, com temperaturas de até -20ºC, o ginásio e a sala de musculação só devem reabrir em maio, quando o frio der trégua.

Para quem teve a vida no hemisfério sul, no calor do Brasil, Marin deve sofrer mais do que seus novos colegas.

Limpar o chão

Na prisão cabe ao preso manter sua cela com “um alto nível de saneamento”, “limpa e ordenada”.

Isso significa varrer o chão todos os dias e esvaziar a lata de lixo. As celas no presídio são padrão, individuais, com uma escrivaninha e um armário. Todos os pertences pessoais de Marin têm de ficar guardados nas gavetas.

Não é permitido nenhum item pendurado nas paredes ou no teto. Quem montar prateleiras dentro do armário, adicionando ganchos, por exemplo, ou mudar a decoração da cela, é punido.

Redação Futebol Bauru

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04/02/2019

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