Nadador deserta só com as medalhas
O nadador cubano Rafael Castillo, 25 anos, medalhista de ouro e prata no Parapan de Guadalajara, no México, cruzou a fronteira entre o México e os Estados Unidos em busca de asilo apenas com uma troca de roupa e as medalhas que havia ganhado.
Castillo teve o braço e a perna amputados por negligência médica quando era bebê. O nadador desertou da equipe cubana em novembro passado.
“Nunca planejei desertar. Me ocorreu um dia, após bater o recorde, ao meio-dia. Estava almoçando, sozinho, senti muita raiva de todas as coisas que me haviam feito em Cuba e que não queria voltar”, relatou Castillo em entrevista à agência Efe.
Castillo relatou que, em Cuba, se sentia limitado ao não poder estar em mais eventos esportivos internacionais. “Me proibiram, não me deixavam sair... Não sei por quê. Estava muito bem preparado para todas as competições”.
Estas proibições são comuns a muitos atletas de Cuba. “Por isso acredito que desertam tanto”, explicou.
Alimentação a desejar
Outro problema comum a atletas paraolímpicos de Cuba, segundo Castillo, é em relação à alimentação que só é adequada quando eles estão em competições.
“É o que chamam de reforço priorizado e que está reservado para os atletas convencionais, não para os deficientes”, disse.
Castillo é deficiente desde que, em um hospital do país, lhe aplicaram um “soro vencido porque ele estava desidratado”. “Isso fez com que me amputassem a perna e o braço, tive uma gangrena”, explicou.
Para fazer a travessia do México para os EUA, Castillo recorreu a uma jovem mexicana, voluntária dos Jogos Parapanamericanos, quem o levou em um veículo para fora da Vila Pan-Americana.
“Peguei a mochila com várias coisinhas de roupa e sem papéis porque uma vez que chega ao país onde vai competir, as autoridades cubanas, nos pegam tudo. As medalhas eu trouxe comigo”.
Redação Futebol Bauru
09/12/2011.